terça-feira, 18 de setembro de 2007

PRATIQUE A GUARDA RESPONSÁVEL


Se você acha que uma criança é um ser desprotegido, experimente pensar sobre os animais, que não falam, não choram e não reclamam. Pois existe quem possua animais de estimação, sem, no entanto, possuir consciência para isso. São pessoas que tratam seus animais como passatempo, para depois descartá-los quando não lhes servem mais.
Só na cidade de São Paulo são recolhidos das ruas em média 40 cães por dia, muitos deles abandonados pelos seus donos, porque estão velhos e doentes, entre outros motivos. Sem falar nas histórias de maus tratos, que são frequentes em todos os cantos. Uma pessoa que compra um animal, apenas para deixá-lo o dia todo trancado sozinho em um apartamento, realmente tem amor por ele? E aquelas que viajam para passar dias ou semanas fora, deixando seu bichinho sozinho para trás, apenas com uma tigela de água e ração?
Alguém me disse uma vez que um cão só precisa de água e ração para viver, mais nada. Essa pessoa não tem um animal de estimação, tem um objeto. E é assim que muitos vêem seus cães, como brinquedos para exibir aos amigos e vizinhos. Colocam roupas no cão como se fosse um ser humano, aliás, se ele tivesse que usar um vestido, nasceria gente e não um cachorrinho, exceção seja feita nos dias de inverno, quando realmente precisam se aquecer. Podem cuidar do seu pêlo no pet shop, deixando-o impecável, mas onde está o carinho verdadeiro por ele? Saiba que esses pequenos seres que nos trazem tanta alegria e amor, precisam, e muito, do nosso amor também. Eles têm sentimentos e necessidades, tanto quanto eu e você. Se for jogado na rua, mais do que sentir fome, sede e solidão, ele vai sentir a dor de ser abandonado por quem mais amava.

Se há tantos animais abandonados, por que não adotá-los ao invés de comprar um cão de raça? Os animais abandonados em vias públicas, em geral são recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo e são mantidos no canil aguardando o resgate pelo seu dono por três dias, previstos por lei. Se não forem resgatados, podem ser encaminhados para adoção, desde que atendam a critérios de saúde e comportamento, quando então serão castrados, vermifugados, vacinados e mantidos no CCZ até que sejam adotados.

No entanto, antes de adquirir um animal de estimação, é preciso saber que ele necessita de cuidados. Muitas pessoas acabam abandonando-o porque não têm condições ou acham trabalhoso demais. De acordo com o site da UIPA – União Internacional de Proteção aos Animais, que possui abrigo com em média 1.500 cães aguardando adoção, a guarda responsável de animais é aquela em que as seguintes regras básicas são seguidas, de forma a se garantir o bem-estar-animal:

- Ao decidir-se por acolher um animal, tenha em mente que ele viverá cerca de doze anos, ou mais, e que necessitará de seus cuidados, independentemente das mudanças que sua vida venha a sofrer no decorrer desse período;

- Prefira sempre adotar a comprar um animal. Ao adotar um animal, luta-se não só contra o abandono, mas contra o comércio de animais praticado por criadores, que se perfaz à custa de extrema crueldade. É preciso ter consciência de que adquirir um animal de criador implica, necessariamente, patrocinar o abusivo comércio de animais;

- Certifique-se de que poderá cuidar do animal durante o período de férias e no decorrer de feriados;

- Escolha o animal que possua características de comportamento e de tamanho condizentes com o espaço de que dispõe e com os seus próprios hábitos;
- Ministre-lhe assistência veterinária;

- Providencie para que seja o animal, macho ou fêmea, esterilizado a partir dos 5 (cinco) meses de idade, para evitar crias indesejadas que resultam em abandono e em superpopulação de animais;

- Vaciná-lo, anualmente, contra raiva, a partir dos 4 (quatro) meses de idade e contra as demais doenças (vacina V8), a partir dos 60 (sessenta) dias de vida;

- Não abandoná-lo em caso de doença, de idade avançada, de viagem, de agressividade ou em qualquer outra hipótese;

- Proporcionar-lhe alimentação adequada à espécie; gatos não devem ser alimentados com ração para cães e vice-versa;

- Proporcionar-lhe água fresca (água estagnada acumula larvas de mosquitos, que são prejudiciais à saúde);

- Provê-lo de espaço adequado, ao abrigo do sol e da chuva. Melhor é que se tenha o animal dentro de casa, mas se isso não for possível, dê-lhe ao menos uma casinha, que deve ser colocada ao abrigo do sol, da chuva e do vento, como preconiza a Prefeitura Municipal de São Paulo;

- Não prendê-lo a correntes, ainda que longas. Dê ao animal um lar, e não uma prisão;
- Zelar para que o animal não fuja de casa, providenciando para que os portões de casa sejam resistentes e estejam sempre bem fechados;

- Telar as janelas, caso more em prédio de apartamentos;

- Mantê-lo em boas condições de higiene (a água do banho deve ser quente);

- Jamais submetê-lo a maus-tratos, nem sob o pretexto de educá-lo;

- Passear com o animal para que ele se exercite, sempre preso à coleira e à guia para evitar fuga, atropelamento e ataques a outros animais;

- Dar afeto e atenção ao animal;

- Proporcionar-lhe conforto e espaço adequado; áreas descampadas, estacionamentos e garagens não são recomendáveis para animais;

- Amenizar-lhe a sensação de frio, por meio de roupas e cobertores; animais sentem frio tanto quanto os humanos;

- Providencie o RGA – Registro Geral Animal. O registro é a maneira mais eficiente para identificação do animal, pois é a sua carteira de identidade. Para maior segurança do animal, além do RGA, recomenda-se também o uso de uma identificação na coleira contendo nome e telefone do proprietário, caso o animal se perca, aumentam as chances de ser encontrado. O registro é realizado no Centro de Controle de Zoonoses, da prefeitura, ou estabelecimentos veterinários.


texto/foto: Luciene Cimatti